quinta-feira, 27 de maio de 2010
Um grito em forma de livro: Entre os actos, Virginia Woolf
Entre os Actos foi o último romance de Virginia Woolf, publicado após a sua morte. Apesar de ser o mais curto dos seus livros, é aquele em que o experimentalismo que ela sempre cultivou se revela mais radicalmente. A sua acção transcorre em apenas um dia e, esquematicamente, pode dizer-se que representa a luta da civilização contra a selva.
Aqui também nota-se que Virginia Woolf se disfarça sob os traços de uma das suas personagens: a burlesca, rude e solitária Miss La Trobe, directora de um espetáculo teatral que serve de pretexto e motivação para tudo o que transcorre “entre” seus “actos”.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Um grito na vida: Mike Nichols
sexta-feira, 21 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Grito 36
Os meus olhos só vêm para dentro e não para fora. Consigo ver o interior do cérebro, mas não o dia a amanhecer. Estou aqui para que me ajude a ver para fora de mim. Já li sobre isto e uns dizem que é um mecanismo de defesa, outros dizem que é uma fuga e outros que é uma doença mental maligna, isto é, sem cura. Mas falaram-me de si e fiquei cheia de esperança. Só quero ver como todas as pessoas, mesmo que tenha que usar óculos que não uso. Só queria ser normal...
terça-feira, 18 de maio de 2010
Um grito em forma de livro: Conhecer uma mulher, Amós Oz
Conhecer uma mulher, de Amós Oz, o mais importante escritor israelita contemporâneo, lança um olhar atento e sensível sobre os mistérios que, escondidos em cada um de nós, unem e separam as pessoas.Depois de trabalhar para o serviço de informações durante 23 anos, o agente secreto Yoel Ravid passa em revista a sua vida profissional e familiar. Afastado do serviço, ao tentar entender a nova ordem de enigmas surgida do seu convívio com o quotidiano da vida familiar, Yoel vê desmoronar as suas táticas profissionais. Diante da trágica morte da esposa, procura compreender a mulher que, apesar de amar, ele nunca conheceu completamente; com ela travou durante anos uma batalha subterrânea cujos motivos também lhe escapam. A história de Yoel, assim como a daqueles que o rodeiam - a filha epiléptica, a sensual vizinha americana e seu irmão voyeur, o corretor de imóveis Krantz, a rapariga de Bangkok -, está repleta de enigmas, de pontos em suspenso que, como uma linguagem em código, exigem decifração.Numa prosa marcada pelo equilíbrio entre concisão e expressividade, Amós Oz traça as linhas que fazem do passado e do presente matéria de uma contínua reflexão e ponto de partida para a descoberta de novas possibilidades de conduta. A trajetória de Yoel Ravid, que tem aproximadamente a mesma idade do Estado de Israel, pode ser lida como uma sutil alegoria da situação política israelita. Conhecer uma mulher é, assim, um romance arquitectado com rara versatilidade: história de detetive entrelaçada com uma aventura doméstica e existencialista, que põe o conhecimento de si mesmo e do outro como a mais premente missão.Conhecer uma mulher foi lançado em Israel e publicado nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Espanha, Holanda, Itália, Portugal, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Grécia, Hungria e Polónia.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Um grito na vida: Oliver Stone
Nixon is a 1995 American biographical film directed by Oliver Stone for Cinergi Pictures that tells the story of the political and personal life of former US President Richard Nixon, played by Anthony Hopkins. The film portrays Nixon as a complex and, in many respects, an admirable person, though deeply flawed. Unlike Stone's earlier film JFK, Nixon begins with a disclaimer that the film is "an attempt to understand the truth [...] based on numerous public sources and on an incomplete historical record".
quarta-feira, 12 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Grito 35
Gosto de ter saudades do tempo em que as cores eram propriedade dos objectos: campo verde, céu azul, noite negra, rio dourado, sangue vermelho, sol amarelo, tronco castanho, véu branco, chuva cinzenta. Gosto de mudanças ( embora nem sempre goste daquilo para o que se muda) .Gosto de sofás quentes e confortáveis. Mesas lisas. Paredes vazias. Gosto de aparelhagem média e audiovisual negra. Gosto de música difícil. Gosto de quase tudo o que escrevi mesmo daquilo que me envergonho de ter escrito. Gosto do êxito e do sucesso. Dos outros. De alguns outros. Gosto do sentimento de vazio que fica por não acreditar em deus. Gosto do sofrimento que coloco nas coisas à minha volta. Mas gosto de crucifixos e de batons. E de mãos a mexerem nos cabelos e nos pés. Gosto de massagens rente ao chão. Gosto de reconstruir cenários descritos em passagens de livros importantes para mim. Gosto de pessoas. Inteligentes e bonitas. Mas também tristes e deprimidas. Sós. Perdidas. Com dúvidas.
domingo, 9 de maio de 2010
Um grito em forma de livro: Levantado do chão, José Saramago
"Um escritor é um homem como os outros: sonha. E o meu sonho foi o de poder dizer deste livro, quando terminasse: "Isto é um livro sobre o Alentejo." Um livro, um simples romance, gentes, conflitos, alguns amores, muitos sacrifícios e grandes fomes, as vitórias e os desastres, a aprendizagem da transformação, e mortes. É portanto um livro que quis aproximar-se da vida, e essa seria a sua mais merecida explicação. Leva como título e nome, para procurar e ser procurado estas palavras sem nenhuma glória-«Levantado do Chão». Do chão sabemos que se levantam as searas e as árvores, levantam-se os animais que correm os campos ou voam por cima deles, levantam-se os homens e as suas esperanças. Também do chão pode levantar-se um livro, como uma espiga de trigo ou uma flor brava. Ou uma ave. Ou uma bandeira. Enfim, cá estou eu outra vez a sonhar. Como os homens a quem me dirijo."
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Um grito na vida: David Cronenberg
Dennis Clegg is in his thirties and lives in a halfway house for the mentally ill in London. Dennis, nicknamed "Spider" by his mother has been institutionalized with acute schizophrenia for some 20 years. He has never truly recovered, however, and as the story progresses we vicariously experience his increasingly fragile grip on reality. Written by Erwin van Moll
quinta-feira, 6 de maio de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Grito 34
Sinto-me tão perdida, disse ela. Deixou cair uma lágrima. Não sei onde pousar os pés. Não tenho para onde voltar. Perdi-me de vez. Isto é que é enlouquecer? É assim que se enlouquece? Não há nenhum medicamento para isto? Nenhuma terapia? Nenhuma palavra? Rolou outra lágrima pelo rosto, devagar. Suspirou. Respirou fundo. Sinto tanto medo. Posso ficar aqui esta noite? Não acolhe doentes? Nunca? Mas eu sou inofensiva. Só tive uma fase de luta armada que nunca concretizei. Mas sou inofensiva, excepto no que diz respeito a mim mesma. Aceito que os outros vivam de qualquer maneira. Mas eu não. Eu não. Sempre me questionei, me critiquei.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Um grito em forma de livro: Primeiro Amor, Samuel Beckett
Primeiro Amor, de Samuel Beckett
Escrita em 1945 mas publicada somente em 1970, essa foi a primeira obra que o irlandês Beckett compôs em francês, língua em que mais tarde criaria peças fundamentais do teatro moderno, como Esperando Godot. Nesta edição, o texto ocupa apenas as páginas pares – as ímpares trazem expressivas manchas negras desenhadas pela tradutora. É um texto muito curto, para ler de uma só vez. Mas é também uma novela perturbadora, capaz de devastar qualquer ilusão romântica sugerida pelo título. O leitor termina o livro sem saber se o protagonista, um tipo desgarrado que se envolve com uma prostituta, é uma vítima ou um monstro.
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