quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Grito 59: Luís Cernuda


Contigo

¿Mi tierra?
Mi tierra eres tú.

¿Mi gente?
Mi gente eres tú.

El destierro y la muerte
para mi están adonde
no estés tú.

¿Y mi vida?
Dime, mi vida,
¿qué es, si no eres tú?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Outro grito de morte: Gabriela Mistral


Este largo cansancio se hará mayor un día
y el alma dirá al cuerpo que no quiere seguir
arrastrando su masa por la rosada vía
por donde van los hombres, contentos de vivir...

Sentirás que a tu lado cavan briosamente,
que otra dormida llega a la quieta ciudad.
Esperaré que me hayan cubierto totalmente...
¡y después hablaremos por una eternidad!

Sólo entonces sabrás el por qué, no madura
para las hondas huesas tu carne todavía,
tuviste que bajar, sin fatiga, a dormir.
Se hará luz en la zona de los sinos, oscura:
sabrás que en nuestra alianza signo de astros había
y, roto el pacto enorme, tenías que morir...






Um grito a mais: Diamanda Galas

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Grito 58: SARAH KANE 4.48 PSYCHOSIS 4


An instant of clarity before eternal night
don't let me forget
I am sad
I feel that the future is hopeless and that things cannot improve
I am bored and dissatisfied with everything
I am a complete failure as a person
I am guilty, I am being punished
I would like to kill myself
I used to be able to cry but now I am beyond tears
I have lost interest in other people
I can't make decisions
I can't eat
I can't sleep
I can't think
I cannot overcome my loneliness, my fear, my disgust
I am fat
I cannot write
I cannot love
My brother is dying, my lover is dying, I am killing them both
I am charging towards my death
I am terrified of medication
I cannot make love
I cannot fuck
I cannot be alone
I cannot be with others
My hips are too big
I dislike my genitals
At 4.48
when depression visits
I shall hang myself
to the sound of my lover's breathing
I do not want to die
I have become so depressed by the fact of my mortality that I have

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um grito de morte: Florbela Espanca


Florbela Espanca

Amor que morre

O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um grito de amor: David Mourão-Ferreira


Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele

David Mourão-Ferreira

domingo, 6 de novembro de 2011

Um grito triste: Viriginia Woolf


“As histórias que perseguem as pessoas até aos seus quartos de dormir são difíceis.”
Viriginia Woolf

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um grito inominável

“Uma vez eu irei. Uma vez irei sozinha, sem minha alma dessa vez. O espírito, eu o terei entregue à família e aos amigos com recomendações. Não será difícil cuidar dele, exige pouco, às vezes se alimenta com jornais mesmo. Não será difícil levá-lo ao cinema, quando se vai. Minha alma eu a deixarei, qualquer animal a abrigará: serão férias em outra paisagem, olhando através de qualquer janela dita da alma, qualquer janela de olhos de gato ou de cão. De tigre, eu preferiria. Meu corpo, esse serei obrigada a levar. Mas dir-lhe-ei antes: vem comigo, como única valise, segue-me como um cão. E irei à frente, sozinha, finalmente cega para os erros do mundo, até que talvez encontre no ar algum bólide que me rebente. Não é a violência que eu procuro, mas uma força ainda não classificada mas que nem por isso deixará de existir no mínimo silêncio que se locomove. Nesse instante há muito que o sangue já terá desaparecido. Não sei como explicar que, sem alma, sem espírito, e um corpo morto — serei ainda eu, horrivelmente esperta. Mas dois e dois são quatro e isso é o contrário de uma solução, é beco sem saída, puro problema enrodilhado em si. Para voltar de ‘dois e dois são quatro’ é preciso voltar, fingir saudade, encontrar o espírito entregue aos amigos, e dizer: como você engordou! Satisfeita até o gargalo pelos seres que mais amo. Estou morrendo meu espírito, sinto isso, sinto...”

Clarice Lispector: cartas, clarice lispector