quarta-feira, 31 de julho de 2013
terça-feira, 30 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
Clarice Lispector
O Valor do SilêncioTantos querem a projeção. Sem saber como esta limita a vida. Minha pequena projeção fere o meu pudor. Inclusive o que eu queria dizer já não posso mais. O anonimato é suave como um sonho. Eu estou precisando desse sonho. Aliás eu não queria mais escrever. Escrevo agora porque estou precisando de dinheiro. Eu queria ficar calada. Há coisas que nunca escrevi, e morrerei sem tê-las escrito. Essas por dinheiro nenhum. Há um grande silêncio dentro de mim. E esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras. E do silêncio tem vindo o que é mais precioso que tudo: o próprio silêncio.
Clarice Lispector, in Crónicas no 'Jornal do Brasil (1968)'
Clarice Lispector, in Crónicas no 'Jornal do Brasil (1968)'
sábado, 27 de julho de 2013
William Blake
Broken Love
MY Spectre around me night and day
Like a wild beast guards my way;
My Emanation far within
Weeps incessantly for my sin.
‘A fathomless and boundless deep,
There we wander, there we weep;
On the hungry craving wind
My Spectre follows thee behind.
‘He scents thy footsteps in the snow
Wheresoever thou dost go,
Thro’ the wintry hail and rain.
When wilt thou return again?
’Dost thou not in pride and scorn
Fill with tempests all my morn,
And with jealousies and fears
Fill my pleasant nights with tears?
‘Seven of my sweet loves thy knife
Has bereavèd of their life.
Their marble tombs I built with tears,
And with cold and shuddering fears.
‘Seven more loves weep night and day
Round the tombs where my loves lay,
And seven more loves attend each night
Around my couch with torches bright.
‘And seven more loves in my bed
Crown with wine my mournful head,
Pitying and forgiving all
Thy transgressions great and small.
‘When wilt thou return and view
My loves, and them to life renew?
When wilt thou return and live?
When wilt thou pity as I forgive?’
‘O’er my sins thou sit and moan:
Hast thou no sins of thy own?
O’er my sins thou sit and weep,
And lull thy own sins fast asleep.
‘What transgressions I commit
Are for thy transgressions fit.
They thy harlots, thou their slave;
And my bed becomes their grave.
‘Never, never, I return:
Still for victory I burn.
Living, thee alone I’ll have;
And when dead I’ll be thy grave.
‘Thro’ the Heaven and Earth and Hell
Thou shalt never, quell:
I will fly and thou pursue:
Night and morn the flight renew.’
‘Poor, pale, pitiable form
That I follow in a storm;
Iron tears and groans of lead
Bind around my aching head.
‘Till I turn from Female love
And root up the Infernal Grove,
I shall never worthy be
To step into Eternity.
‘And, to end thy cruel mocks,
Annihilate thee on the rocks,
And another form create
To be subservient to my fate.
‘Let us agree to give up love,
And root up the Infernal Grove;
Then shall we return and see
The worlds of happy Eternity.
‘And throughout all Eternity
I forgive you, you forgive me.
As our dear Redeemer said:
“This the Wine, and this the Bread.”’
Like a wild beast guards my way;
My Emanation far within
Weeps incessantly for my sin.
‘A fathomless and boundless deep,
There we wander, there we weep;
On the hungry craving wind
My Spectre follows thee behind.
‘He scents thy footsteps in the snow
Wheresoever thou dost go,
Thro’ the wintry hail and rain.
When wilt thou return again?
’Dost thou not in pride and scorn
Fill with tempests all my morn,
And with jealousies and fears
Fill my pleasant nights with tears?
‘Seven of my sweet loves thy knife
Has bereavèd of their life.
Their marble tombs I built with tears,
And with cold and shuddering fears.
‘Seven more loves weep night and day
Round the tombs where my loves lay,
And seven more loves attend each night
Around my couch with torches bright.
‘And seven more loves in my bed
Crown with wine my mournful head,
Pitying and forgiving all
Thy transgressions great and small.
‘When wilt thou return and view
My loves, and them to life renew?
When wilt thou return and live?
When wilt thou pity as I forgive?’
‘O’er my sins thou sit and moan:
Hast thou no sins of thy own?
O’er my sins thou sit and weep,
And lull thy own sins fast asleep.
‘What transgressions I commit
Are for thy transgressions fit.
They thy harlots, thou their slave;
And my bed becomes their grave.
‘Never, never, I return:
Still for victory I burn.
Living, thee alone I’ll have;
And when dead I’ll be thy grave.
‘Thro’ the Heaven and Earth and Hell
Thou shalt never, quell:
I will fly and thou pursue:
Night and morn the flight renew.’
‘Poor, pale, pitiable form
That I follow in a storm;
Iron tears and groans of lead
Bind around my aching head.
‘Till I turn from Female love
And root up the Infernal Grove,
I shall never worthy be
To step into Eternity.
‘And, to end thy cruel mocks,
Annihilate thee on the rocks,
And another form create
To be subservient to my fate.
‘Let us agree to give up love,
And root up the Infernal Grove;
Then shall we return and see
The worlds of happy Eternity.
‘And throughout all Eternity
I forgive you, you forgive me.
As our dear Redeemer said:
“This the Wine, and this the Bread.”’
sexta-feira, 26 de julho de 2013
quarta-feira, 24 de julho de 2013
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
domingo, 21 de julho de 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
quinta-feira, 18 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
Um grito para pensar: Karl Jaspers
A ânsia de uma orientação filosófica da vida nasce da obscuridade em que cada um se encontra, do desamparo que sente quando, em carência de amor, fica o vazio, do esquecimento de si quando, devorado pelo afadigamento, súbito acorda assustado e pergunta: que sou eu, que estou descurando, que deverei fazer?
O auto-esquecimento é fomentado pelo mundo da técnica. Pautado pelo cronómetro, dividido em trabalhos absorventes ou esgotantes que cada vez menos satisfazem o homem enquanto homem, leva-o ao extremo de se sentir peça imóvel e insubstituivel de um maquinismo de tal modo que, liberto da engrenagem, nada é e não sabe o que há-de fazer de si. E, mal começa a tomar consciência, logo esse colosso o arrasta novamente para a voragem do trabalho inane e da inane distracção das horas de ócio.
Porém, o pendor para o auto-esquecimento é inerente à condição humana. O homem precisa de se arrancar a si próprio para não se perder no mundo e em hábitos, em irreflectidas trivialidades e rotinas fixas.
Filosofar é decidirmo-nos a despertar em nós a origem, é reencontrarmo-nos e agir, ajudando-nos a nós próprios com todas as forças.
Na verdade a existência é o que palpavelmente está em primeiro lugar: as tarefas materiais que nos submetem às exigências do dia-a-dia. Não se satisfazer com elas, porém, e entender essa diluição nos fins como via para o auto-esquecimento, e, portanto, como negligência e culpa, eis o anelo de uma vida filosóficamente orientada. E, além disso, tomar a sério a experiência do convívio com os homens: a alegria e a ofensa, o êxito e o revés, a obscuridade e a confusão. Orientar filosoficamente a vida não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido, é clarificar.
São dois os seus caminhos: a meditação solitária por todos os meios de consciencialização e a comunicação com o semelhante por todos os meios da recíproca compreensão, no convívio da acção, do colóquio ou do silêncio.
Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica'
O auto-esquecimento é fomentado pelo mundo da técnica. Pautado pelo cronómetro, dividido em trabalhos absorventes ou esgotantes que cada vez menos satisfazem o homem enquanto homem, leva-o ao extremo de se sentir peça imóvel e insubstituivel de um maquinismo de tal modo que, liberto da engrenagem, nada é e não sabe o que há-de fazer de si. E, mal começa a tomar consciência, logo esse colosso o arrasta novamente para a voragem do trabalho inane e da inane distracção das horas de ócio.
Porém, o pendor para o auto-esquecimento é inerente à condição humana. O homem precisa de se arrancar a si próprio para não se perder no mundo e em hábitos, em irreflectidas trivialidades e rotinas fixas.
Filosofar é decidirmo-nos a despertar em nós a origem, é reencontrarmo-nos e agir, ajudando-nos a nós próprios com todas as forças.
Na verdade a existência é o que palpavelmente está em primeiro lugar: as tarefas materiais que nos submetem às exigências do dia-a-dia. Não se satisfazer com elas, porém, e entender essa diluição nos fins como via para o auto-esquecimento, e, portanto, como negligência e culpa, eis o anelo de uma vida filosóficamente orientada. E, além disso, tomar a sério a experiência do convívio com os homens: a alegria e a ofensa, o êxito e o revés, a obscuridade e a confusão. Orientar filosoficamente a vida não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido, é clarificar.
São dois os seus caminhos: a meditação solitária por todos os meios de consciencialização e a comunicação com o semelhante por todos os meios da recíproca compreensão, no convívio da acção, do colóquio ou do silêncio.
Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica'
segunda-feira, 15 de julho de 2013
domingo, 14 de julho de 2013
Maya Angelou - And Still I Rise
You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I'll rise.
Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
'Cause I walk like I've got oil wells
Pumping in my living room.
Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise.
Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops,
Weakened by my soulful cries.
Does my haughtiness offend you?
Don't you take it awful hard
'Cause I laugh like I've got gold mines
Diggin' in my own back yard.
You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I'll rise.
Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I've got diamonds
At the meeting of my thighs?
Out of the huts of history's shame
I rise
Up from a past that's rooted in pain
I rise
I'm a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that's wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.
sábado, 13 de julho de 2013
sexta-feira, 12 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
quarta-feira, 10 de julho de 2013
domingo, 7 de julho de 2013
sábado, 6 de julho de 2013
O Maior Amor e as Coisas que Se Amam
Tomara poder desempenhar-me, sem hesitações nem ansiedades, deste mandato subjectivo cuja execução por demorada ou imperfeita me tortura e dormir descansadamente, fosse onde fosse, plátano ou cedro que me cobrisse, levando na alma como uma parcela do mundo, entre uma saudade e uma aspiração, a consciência de um dever cumprido.
Mas dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral. Hora a hora a (...) que escreve as sátiras surge colérica em mim. Hora a hora a expressão me falha. Hora a hora a vontade fraqueja. Hora a hora sinto avançar sobre mim o tempo. Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada.
Nem choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n'ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo. Só aqui lh'o registo sobre papel, acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito. Sim, fique aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente.
Seja dito assim sucinto, para que fique dito. Nada mais.
Não falemos mais. As coisas que se amam, os sentimentos que se afagam guardam-se com a chave d'aquilo a que chamamos «pudor» no cofre do coração. A eloquência profana-os. A arte, revelando-os, torna-os pequenos e vis. O próprio olhar não os deve revelar.
Sabeis decerto que o maior amor não é aquele que a palavra suave puramente exprime. Nem é aquele que o olhar diz, nem aquele que a mão comunica tocando levemente n'outra mão. É aquele que quando dois seres estão juntos, não se olhando nem tocando os envolve como uma nuvem, que lhes (...)
Esse amor não se deve dizer nem revelar. Não se pode falar dele.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
Mas dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral. Hora a hora a (...) que escreve as sátiras surge colérica em mim. Hora a hora a expressão me falha. Hora a hora a vontade fraqueja. Hora a hora sinto avançar sobre mim o tempo. Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada.
Nem choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n'ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo. Só aqui lh'o registo sobre papel, acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito. Sim, fique aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente.
Seja dito assim sucinto, para que fique dito. Nada mais.
Não falemos mais. As coisas que se amam, os sentimentos que se afagam guardam-se com a chave d'aquilo a que chamamos «pudor» no cofre do coração. A eloquência profana-os. A arte, revelando-os, torna-os pequenos e vis. O próprio olhar não os deve revelar.
Sabeis decerto que o maior amor não é aquele que a palavra suave puramente exprime. Nem é aquele que o olhar diz, nem aquele que a mão comunica tocando levemente n'outra mão. É aquele que quando dois seres estão juntos, não se olhando nem tocando os envolve como uma nuvem, que lhes (...)
Esse amor não se deve dizer nem revelar. Não se pode falar dele.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
sexta-feira, 5 de julho de 2013
quarta-feira, 3 de julho de 2013
terça-feira, 2 de julho de 2013
segunda-feira, 1 de julho de 2013
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