Aos 57 anos, a obra do escritor chinês Mo Yan tem gerado alguma polémica na China. Mo Yan significa "não fales" e é o grande vencedor do Nobel da Literatura 2012.
A Academia Sueca destaca o realismo alucinante do autor que combina os contos populares, a história e a contemporaneidade. Mo Yan é conhecido como o Kafka chinês.
O único livro de Mo Yan editado em Portugal dá pelo título "Peito Grande, Ancas Largas". Um livro muito polémico na China, no qual as mulheres surgem como fortes e corajosas. Nascido em 1956, Mo Yan é um dos escritores chineses contemporâneos mais publicados fora da China, nomeadamente no Japão, França, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos.
"Ele é o mais qualificado escritor chinês para ganhar o Nobel", disse Yang Xiaobin, um poeta e critico citado hoje por um jornal de Pequim e que há vários anos vinha "recomendando" a atribuição do prémio a Mo Yan.
Os romances do escritor chinês galardoado hoje com o Prémio Nobel da Literatura, estão enraizados na China rural, onde nasceu, mas revelam também influências do "realismo mágico" e outras correntes ocidentais, dizem críticos e tradutores.
William Faulkner, Gabriel Garcia Marquez, Oe Kenzaburo e Rabelais são os autores preferidos de Mo Yan, disse o professor norte-americano Howard Goldblatt, um dos mais conhecidos tradutores de literatura chinesa, entre os quais três títulos do autor distinguido agora pela Academia Sueca.
Mo Yan (pseudónimo literário de Guan Moye) nasceu na província de Shandong, leste da China, "no seio de uma família pobre" e "foi forçado a abandonar a escola primária durante a Revolução Cultural (1966-76)", diz o Dicionário Biográfico de Modernos Escritores Chineses, publicado na década de 1990.
Segundo a mesma biografia, o futuro escritor tornou-se então camponês e aos 20 anos, ingressou no Exército, onde "serviu como funcionário de segurança e instrutor político e de propaganda".
A sua primeira obra literária, um conto que começou a escrever enquanto ainda era soldado, saiu em 1981. Seis anos depois publicou um romance de grande sucesso, "Red Sorghum", que seria adaptado ao cinema por Zhang Yimou. O filme, com Gong Li e Jiang Wen, ganhou o Urso de Ouro do Festival Internacional de Berlim em 1988.
Entre os títulos que Mo Yan publicou a seguir figuram "The Republic of Wine" (2000), "Peito grande, ancas largas" (2007) - único editado em Portugal, pela Ulisseia - e "Life and Death are Wearinng me out", todos traduzidos por Howard Golblatt, professor de chinês na Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos.
Em 2011, Mo Yan ganhou o Premio Mao Dun, o mais importante galardão literário oficial do país, e foi eleito vice-presidente da Associação dos Escritores da China.
O seu mais recente romance, "Frog", aborda um tema especialmente sensível: a prática de abortos forçados na China devido à drástica política de controlo da natalidade imposta há três décadas sob a fórmula "um casal, um filho".
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